O ínsulo

domingo, agosto 20, 2006

E MUITO JUIZINHO TODOS !

Se a mostarda chegar ao nariz de Calígula
e o Starr insistir nos caprichos de alcova
e o...
senatus populusque romanus...

Povos do Mundo tremei !

Calígula e algum do seu povo
hão-de querer
brincar outra vez com a Lua
ou testar outra vez
os mísseis brinquedos !...

Ouviram ?!

Muito juizonho pois !


(in UMA GUERRA GÓLFICA
BATALHA TERCEIRA: A PRÓXIMA...
Tantos de 99 - A. Ínsulo)

quarta-feira, agosto 16, 2006

TANDEM PAX NOSTRA

T A N D E M P A X N O S T R A


Semeada Na devastação a paz nasceu
finalmente de repente a nossa paz
porque somos nós os semeadores da paz
nos arsenais do indizível invisível
sofismado lucro...

Ouvide, Povos por nós apaziguados !
Nós somos
só nós somos os fazedores da paz.
Por ela zelosamente velamos.

Ouvide, Povos por nós domados !
Nós somos
só nós somos os donos da paz
e da guerra
e da terra
e dos conselhos das nações !

É tão bonito estarmos todos em paz !

P A X N O S T R A !

A. Ínsulo
(in UMA GUERRA GÓLFICA
POEMA HERÓI-SATÍRIC
em três batalhad até ver...
Batalha segunda - Semana Santa/99)

sexta-feira, agosto 11, 2006

Calígula

(Batalha Segunda
Vésperas do Ramadão e do Natal/98)



Calígula


Qual deus nos podeproteger
dos caprichos de Calígula?!
Assim como ele ordenou
que lhe trouxrssrm a Lua,
outra vez mandou aos mísseis
que se disparassem
infalívreis no alvo.

Pelas frinchas do bunker
pela janela do infantário
pelos tectos dos hospitais
onde quer que houvesse gente
"objectivos" ou "alvos"
os mísseis cumpriram.

E a paz voltou.
A paz d Calígula
sem rival Imperador do Mundo.

Pax 'fellatiosa'

'Pax Romana'
diz Calígula.

A. Ínsulo
(in UMA GUERRA GÓLFICA
em três batalhas até ver...
Batalha segunda, Vésperas do Ramadão e do Natal/98)

terça-feira, agosto 08, 2006

O MAL E O BEM

O BEM E O MAL
O MAL E O BEM


Noli vinci a malo, sed vince in bono malum.
Não queiras ser vencido pelo mal, mas vence o mal no bem..
(Epíst. de S.Paulo aos Romanos, 12-21)


O bem será relativo?
Relativo será o mal?
Pode ser o objectivo
Do mal e do bem igual?

Só vencer o mal convém!
Todos de acordo afinal.
Mas, senhores, o que é o bem?
Mas, senhores, o que é o mal?

Tudo se resume, assim,
numa grande luta sem
tréguas, guerra sem fim,
confrontado o mal e o bem ?...

Mal e bem... Quem é capaz
de bem distingui-los? Quem?
Há muita gente que faz
bem por mal ou mal por bem...

Separar o mal e o bem
de forma tão maniqueia
(estilo Bush/Sadam Hussein)
é bem simplista a ideia!

Eu não estou assim tão perto
desta sentença paulina:
O mal, às vezes, dá certo...,
outras, o bem desatina...

É tudo tão relativo!
Tudo tão fragilizado!
O mal por uns combatido
é o bem prò outro lado...

Temos de convir então
em ponto fundamental:
-Dize lá quem tem razão,
se o teu bem é o meu mal?...

Como aqui se está a ver,
é questão bem intrincada...
Por qualquer humano ser
Não será solucionada...

Demande-se então ao Céu
(se só dele está cativa,
escondida pelo Véu...)
resposta definitiva.

... Pelos vistos, mesmo Lá,
não há consenso afinal:
O que é bem prò grande Alá
pra Jeová pode ser mal !...

(in UMA GUERRA GÓLFICA
Poema herói-satírico em três batalhas até ver...)
A. Ínsulo

domingo, agosto 06, 2006

ODE TRIUNFAL DOS HODIERNOS CRUZADOS

Estamos na Guerra Gólfica, esta desgraçada guerra que já tem mais de quinze anos. O texto poético de ontem foi inspirado na primeira batalha em directo pela televisão. Mas a guerra, desde então, cruzada no tempo e no espaço, guera de Cruzados, não tem parado e tem-se expandido. Continua a expandir-se. É no Iraque outra vez, mais bárbara e insensata; foi na Jugoslávia, sobretudo no Kosovo (Ai o Kosovo!); mesmo em Timor; no Afeganistão; e agora no Líbano... Que horror! Por isso, acha o Ínsulo que tem cada vez mais actualidade a



ODE TRIUNFAL
DOS HODIERNOS CRUZADOS


“Deus o quer!”
(Grito guerreiro dos Cruzados Medievais)

Deus o quer!
Nós o queremos!
Nós queremos que Deus queira!
Deus queira que nós queiramos!
E se Deus não quiser queremos nós!
Mas Deus quer porque nós queremos!

Anjos Custódios do Mundo.
Polícias do Deus dos Exércitos.
Zelosos Guardiões da Liberdade.
Da Democracia.
Da Felicidade das Nações. Dos Povos.
De todos os Povos do Mundo.

Deus o quer nós o queremos!
Nós queremos que Deus queira!
Deus queira que nós queiramos!
Deus queira que Deus queira!
Deus quer porque nós queremos!

Felizes os Povos Submissos
à nossa Protecção Devastadora!
Mais felizes ainda os Insubmissos!
Nós os submeteremos à salvífica Submissão!
Nós queremos que sejam felizes!
Nós queremos que sejam livres dos tiranos!
(somos também nós quem define os tiranos! ...)
Mesmo que eles não queiram!
Sobretudo se não quiserem!
Nós é que sabemos o que mais lhes convém!

Felizes os Povos submetidos à nossa Devastação
Devastamos porque só queremos o seu Bem!
Devastamos porque só queremos os seus Bens!
Nada pagará o Bem que lhes queremos!
Nada pagará os Bens que lhes queremos!

Daqui vos anunciamos, Povos, sede livres!
Escolhei a Liberdade que vos impomos!
Não queirais ser pobres-e-mal-agradecidos!
Tomai a Liberdade e agradecei
às armas que Deus nos facultou prodigamente
para conquistarmos a vossa Liberdade!

Sede livres, Povos, sede livres!
Sede Livres, Democratas e Felizes!
Sede Livres, quer queirais quer não!

Aceitai Livremente a Liberdade que vos impomos!
Aceitai Livremente a Liberdade que vos mandamos,
se preciso for (e é preciso!),
nos bombonachões dos nossos bombardeiros!
nos balagranadões da nossa Infantaria!
nos morteirões da nossa Artilharia!
nos monstrogivões da nossa Missilaria!

Sede Livres, Democratas e Felizes!
Nós o queremos Deus o quer!

Polícias do Mundo
Anjos Custódios do Deus dos Exércitos,
Nós velaremos pela vossa Felicidade
Para sermos todos (Nós!) prósperos e pacíficos
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !
! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !
! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !
! ! ! ! ! ! ! I N P A C E N O S T R A ! ! ! ! ! ! !

A. Ínsulo
(in UMA GUERRA GÓLFICA
- poema herói-satírico em três batalhas até ver..., inédito)

sábado, agosto 05, 2006

T E LE G U E R R A

( A um televisor do Céu caído
na Sala dos Professores
no dia mesmo da 1ª Batalha da 1ª Guerra do Golfo :
16/01/1991)




TELEGUERRA


Tèlèvisão, minha Tèlèvisão !
Por onde tens andado? Mas que berra!
Na paz, ignoras minha sòlidão...
Chatear-me vens agora só na guerra!

Mas qual é a tua, Tèlèvisor meu?
Qual objectivo é o teu, concreto?
Pensas, talvez, que é dádiva do Céu
Trazeres-me a guerra aqui mesmo em directo!...

Tudo de guerra está contaminado:
O ar, imagem, letra, som e o pão!...
Tèlèvisor, se queres ser meu amado,
Fica aí cego, mudo, bem calado!
Deixa-nos, please, em paz com a razão!

( in UMA GUERRA GÓLFICA
Poema herói-satírico em três batalhas até ver...
- A. Ínsulo)

quinta-feira, agosto 03, 2006

Aquele monstro e o Deus inseguro

O Ínsulo prometeu um comentário ao belíssimo texto antológico, ontem transcrito. Prometeu e está então aqui para cumprir.
Desde que, já lá vão umas boas décadas, leu pela primeira vez esse primoroso parágrafo, excerto de um sermão do grande Vieira, sempre o impressionaram especialmente as figuras de estilo que, respectivamente, iniciam e terminam o texto: a metáfora do monstro e, sobretudo, a hipérbole final (ou paradoxo? ou ironia?...). Sim, porque, se o monstro exprime bem a tragédia da guerra, o facto de "até Deus nos templos e nos sacrários não estar seguro" sempre lhe fez muita espécie...
A gente sabe que os deuses sempre têm mostrado uma certa insegurança perante as guerras dos humanos. Desde as mais remotas teogonias mitológias - Vedas, Mitologias Grega e Roamana - até às mais modernas teologias, quer derivem da Bíblia ou do Corão. E o mais incrível é que essa insegurança divina se possa atribuir (Vieira insinua ou melhor, afirma: "não está seguro") a um Deus que, teologicamente, é apresentado como omnipotente, omnisciente, omnibondoso e outros "omnis" de qualidades supremamente positivas. E é mesmo aqui que, para o Ínsulo, está o busílis: como é que a Divindade, chame-se ela Jeová, Alá ou simplesmente Deus, pode manifestar insegurança, ou medo, ou impotência, perante as guerras dos homens, consentindo ao mesmo tempo todo o sofrimento, toda a desgraça, toda a tragédia que a guerra nos traz - adultos, velhos e crianças inocentes?!... Além disso, como é possível que os deuses, (mesmo que se trate do mesmo Deus com apenas diferentes nomes) estejam sempre do lado dos seus supostos fiéis contra os seus supostos infiéis?! Deus/Jeová contra Alá; Alá contra Deus/Jeová ! Ou então , do memso Deus, um Santo contra outro Santo: São Jorge contra São Tiago !
E, ao Ínsulo, parece-lhe simples a explicação: é que os deuses, mais ou menos mitológicos, mais ou menos teológicos, são criaturas antropomórficas dos homens que neles projectam antropomorficamente, como de outra forma não poderia ser, as suas atitudes e os sentimentos: o amor, o ódio, o sectarismo, a crueldade, a desmisericórdia !...
Por isso " É a guerra aquele monstro" (!) ... "e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro" (!).

quarta-feira, agosto 02, 2006

A Guerra!

"É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e, quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade, composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que ou se não padeça ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela, e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro."
(Padre António Vieira, Sermões)

O Ínsulo aqui fará, em breve, um comentário a esta pérola da nossa prosa literária, sempre tão actual!