Aquele monstro e o Deus inseguro
O Ínsulo prometeu um comentário ao belíssimo texto antológico, ontem transcrito. Prometeu e está então aqui para cumprir.
Desde que, já lá vão umas boas décadas, leu pela primeira vez esse primoroso parágrafo, excerto de um sermão do grande Vieira, sempre o impressionaram especialmente as figuras de estilo que, respectivamente, iniciam e terminam o texto: a metáfora do monstro e, sobretudo, a hipérbole final (ou paradoxo? ou ironia?...). Sim, porque, se o monstro exprime bem a tragédia da guerra, o facto de "até Deus nos templos e nos sacrários não estar seguro" sempre lhe fez muita espécie...
A gente sabe que os deuses sempre têm mostrado uma certa insegurança perante as guerras dos humanos. Desde as mais remotas teogonias mitológias - Vedas, Mitologias Grega e Roamana - até às mais modernas teologias, quer derivem da Bíblia ou do Corão. E o mais incrível é que essa insegurança divina se possa atribuir (Vieira insinua ou melhor, afirma: "não está seguro") a um Deus que, teologicamente, é apresentado como omnipotente, omnisciente, omnibondoso e outros "omnis" de qualidades supremamente positivas. E é mesmo aqui que, para o Ínsulo, está o busílis: como é que a Divindade, chame-se ela Jeová, Alá ou simplesmente Deus, pode manifestar insegurança, ou medo, ou impotência, perante as guerras dos homens, consentindo ao mesmo tempo todo o sofrimento, toda a desgraça, toda a tragédia que a guerra nos traz - adultos, velhos e crianças inocentes?!... Além disso, como é possível que os deuses, (mesmo que se trate do mesmo Deus com apenas diferentes nomes) estejam sempre do lado dos seus supostos fiéis contra os seus supostos infiéis?! Deus/Jeová contra Alá; Alá contra Deus/Jeová ! Ou então , do memso Deus, um Santo contra outro Santo: São Jorge contra São Tiago !
E, ao Ínsulo, parece-lhe simples a explicação: é que os deuses, mais ou menos mitológicos, mais ou menos teológicos, são criaturas antropomórficas dos homens que neles projectam antropomorficamente, como de outra forma não poderia ser, as suas atitudes e os sentimentos: o amor, o ódio, o sectarismo, a crueldade, a desmisericórdia !...
Por isso " É a guerra aquele monstro" (!) ... "e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro" (!).
Desde que, já lá vão umas boas décadas, leu pela primeira vez esse primoroso parágrafo, excerto de um sermão do grande Vieira, sempre o impressionaram especialmente as figuras de estilo que, respectivamente, iniciam e terminam o texto: a metáfora do monstro e, sobretudo, a hipérbole final (ou paradoxo? ou ironia?...). Sim, porque, se o monstro exprime bem a tragédia da guerra, o facto de "até Deus nos templos e nos sacrários não estar seguro" sempre lhe fez muita espécie...
A gente sabe que os deuses sempre têm mostrado uma certa insegurança perante as guerras dos humanos. Desde as mais remotas teogonias mitológias - Vedas, Mitologias Grega e Roamana - até às mais modernas teologias, quer derivem da Bíblia ou do Corão. E o mais incrível é que essa insegurança divina se possa atribuir (Vieira insinua ou melhor, afirma: "não está seguro") a um Deus que, teologicamente, é apresentado como omnipotente, omnisciente, omnibondoso e outros "omnis" de qualidades supremamente positivas. E é mesmo aqui que, para o Ínsulo, está o busílis: como é que a Divindade, chame-se ela Jeová, Alá ou simplesmente Deus, pode manifestar insegurança, ou medo, ou impotência, perante as guerras dos homens, consentindo ao mesmo tempo todo o sofrimento, toda a desgraça, toda a tragédia que a guerra nos traz - adultos, velhos e crianças inocentes?!... Além disso, como é possível que os deuses, (mesmo que se trate do mesmo Deus com apenas diferentes nomes) estejam sempre do lado dos seus supostos fiéis contra os seus supostos infiéis?! Deus/Jeová contra Alá; Alá contra Deus/Jeová ! Ou então , do memso Deus, um Santo contra outro Santo: São Jorge contra São Tiago !
E, ao Ínsulo, parece-lhe simples a explicação: é que os deuses, mais ou menos mitológicos, mais ou menos teológicos, são criaturas antropomórficas dos homens que neles projectam antropomorficamente, como de outra forma não poderia ser, as suas atitudes e os sentimentos: o amor, o ódio, o sectarismo, a crueldade, a desmisericórdia !...
Por isso " É a guerra aquele monstro" (!) ... "e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro" (!).
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