O ínsulo

domingo, agosto 06, 2006

ODE TRIUNFAL DOS HODIERNOS CRUZADOS

Estamos na Guerra Gólfica, esta desgraçada guerra que já tem mais de quinze anos. O texto poético de ontem foi inspirado na primeira batalha em directo pela televisão. Mas a guerra, desde então, cruzada no tempo e no espaço, guera de Cruzados, não tem parado e tem-se expandido. Continua a expandir-se. É no Iraque outra vez, mais bárbara e insensata; foi na Jugoslávia, sobretudo no Kosovo (Ai o Kosovo!); mesmo em Timor; no Afeganistão; e agora no Líbano... Que horror! Por isso, acha o Ínsulo que tem cada vez mais actualidade a



ODE TRIUNFAL
DOS HODIERNOS CRUZADOS


“Deus o quer!”
(Grito guerreiro dos Cruzados Medievais)

Deus o quer!
Nós o queremos!
Nós queremos que Deus queira!
Deus queira que nós queiramos!
E se Deus não quiser queremos nós!
Mas Deus quer porque nós queremos!

Anjos Custódios do Mundo.
Polícias do Deus dos Exércitos.
Zelosos Guardiões da Liberdade.
Da Democracia.
Da Felicidade das Nações. Dos Povos.
De todos os Povos do Mundo.

Deus o quer nós o queremos!
Nós queremos que Deus queira!
Deus queira que nós queiramos!
Deus queira que Deus queira!
Deus quer porque nós queremos!

Felizes os Povos Submissos
à nossa Protecção Devastadora!
Mais felizes ainda os Insubmissos!
Nós os submeteremos à salvífica Submissão!
Nós queremos que sejam felizes!
Nós queremos que sejam livres dos tiranos!
(somos também nós quem define os tiranos! ...)
Mesmo que eles não queiram!
Sobretudo se não quiserem!
Nós é que sabemos o que mais lhes convém!

Felizes os Povos submetidos à nossa Devastação
Devastamos porque só queremos o seu Bem!
Devastamos porque só queremos os seus Bens!
Nada pagará o Bem que lhes queremos!
Nada pagará os Bens que lhes queremos!

Daqui vos anunciamos, Povos, sede livres!
Escolhei a Liberdade que vos impomos!
Não queirais ser pobres-e-mal-agradecidos!
Tomai a Liberdade e agradecei
às armas que Deus nos facultou prodigamente
para conquistarmos a vossa Liberdade!

Sede livres, Povos, sede livres!
Sede Livres, Democratas e Felizes!
Sede Livres, quer queirais quer não!

Aceitai Livremente a Liberdade que vos impomos!
Aceitai Livremente a Liberdade que vos mandamos,
se preciso for (e é preciso!),
nos bombonachões dos nossos bombardeiros!
nos balagranadões da nossa Infantaria!
nos morteirões da nossa Artilharia!
nos monstrogivões da nossa Missilaria!

Sede Livres, Democratas e Felizes!
Nós o queremos Deus o quer!

Polícias do Mundo
Anjos Custódios do Deus dos Exércitos,
Nós velaremos pela vossa Felicidade
Para sermos todos (Nós!) prósperos e pacíficos
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! ! ! ! ! ! ! I N P A C E N O S T R A ! ! ! ! ! ! !

A. Ínsulo
(in UMA GUERRA GÓLFICA
- poema herói-satírico em três batalhas até ver..., inédito)