O ínsulo

domingo, fevereiro 18, 2007

C A R N A V A L

Convém lembrar

Etimologia: “... crê-se que deriva do latim Carnem levare ou Carnelevarium, significando abstinência de carne. Esta suposição coincide com o facto de o C. ser a última festa antes do início da Quaresma, na quarta-feira de Cinzas. Durante este período, os católicos abstinham-se de utilizar a carne como alimento” (Encicl. Verbo). “Época de divertimentos e folias que começa no Dia de Reis e vai até à Quaresma. Diz-se especialmente dos três dias chamados gordos (domingo, segunda e terça-feira) que antecedem o dia de Cinzas” Gr. Enc. Port. e Bras.)
“O Carnaval provém directamente das Saturnais romanas, mas, de um modo mais geral, encontram-se vestígios destas festas, que tiveram primitivamente carácter religioso, em todos os povos desde a mais remota antiguidade. Celebrava-se com elas a entrada do ano, para que este fosse favorável, ou a da Primavera, que simbolizava o renascer da natureza. O Carnaval, entre os Gregos, estava consagrado a Dioniso; em Roma, à divindade egípcia Ísis; entre os Teutões, à deusa Nertha ou Herta, a “Terra-Mãe”. (G. E. Port. e Bras.).

Festa pagã, pois... Nem o Cristianismo (com todas as suas igrejas) conseguiu despaganizá-la. Ou melhor, restituir-lhe o carácter religioso que teve na Antiguidade. Nem a Igreja Católica, responsável pelo nome Carnaval (tendo em conta a etimologia acima referida), foi (é) capaz de fazer com que os seus fiéis mantivessem o sentido etimológico (= adeus à carne; abstinência de carne), que hoje nem os mais praticantes já respeitam. Tempo houve, recente ainda, em que se comprava a abstinência da carne pagando a bula, como, em tempos idos, se compravam as indulgências...
Curioso é que o “adeus à carne” (a abstinência da carne), hoje, não é mais ‘adeus’, ‘adeusinho’, ‘ciau’ de quem se despede, mas sim o ‘adeus’, ‘olá’, ‘tás boaznha?’ de quem saúda ao ver chegar alguém: É só carne por todos os lados....
Politicamente... até nem vem a despropósito: não é mau que o povo se divirta, quanto mais não seja, para esquecer por uns dias o acabrunhamento em que se encontra uma grande parte dele.